domingo, 31 de janeiro de 2010

Aflitivo e Estafermo Amor.


Deixo-te escapar das escarpas rendilhadas guardadas no sossego das lembranças do teu olhar naufragando nos beijos que a boca já nem lembra. No silêncio a alma levita e a frágil saudade se gera pelo calor do seu ventre diluindo o desejo falta que a muito tempo se abandonou no crepúsculo do nada.
O Tempo não está mais refém do meu dispor. Cada vez mais te esqueço os gemidos como um castigo que crava as unhas na esperança nevoenta de que nunca aprenderia a esquecer-te. És feito de sal e água, ardes-me na vista e roças agreste os parênteses do meu passado e assim vais ficando velha e obsoleta na tranquilidade dos cacos da minha memória. Aconselho-te: sai da minha vida enquanto podes! Despede-te e sai. Teu reinado terminou! Rebento a corrente da demência e da redoma do êxtase selecciono as melhores palavras do curto vocabulário do prazer, para tentar pintar na escrita tudo aquilo que neste instante me faz gritar em vão como espectador de um filme velho, mudo e sem cor tentando fazer versos para libertar o ultimo sopro de respiração que me sobra. Só o desalinho desta vontade me baloiça a distração de saber que apenas desta forma tenho em mim.
Nessa recorrência habitual, abro uma brecha entre as margens das suas coxas e num improviso sem laços e sem abraços me entrego ao ritmo das vogais que se introduzem pelos meus dedos e fazem das entrelinhas do meu sexo um vértice que bebe cada gemido letrado e sem inocência nenhuma se deixa escorrer numa humidade com raiz no pecado. Te Preencho de silêncio e suor. Nenhuma poesia me contém. A muito que me habituei que só chego a ti assim.
E por instantes a fatalidade do momento toma conta do desejo que de você transborda. Não pensa. Sente. Permite-se arder no toque da minha mão. E eu a toquei. Entreabri-lhe as pernas e afastei o leve tecido que lhe cobria a paixão. Num gesto de comando eu domei-a e a razão entre a cumplicidade de olhares e a falta de palavras ela recuou as ancas e cavalgou nos meus dedos. Assim, nesses dedos frios, sua humidade se fez réfem. No frenesim da paixão tremem-lhe os lábios e germinam espasmos ansiosos fazendo do pensamento uma enseada de pecados. A cada entra e sai dos dedos ousados e experientes um papiro de palavras velhas se escrevem em sémen feminino que engole os gemidos expulsos agora, em gritos. Ninguém se contém. Abre-se os parenteses do delírio e o crepúsculo do prazer e ela se ajoelha aos meus pés. Ela deixa de ser. Do colapso nasce o orgasmo. O extase. Ela extremeceu, respirou e começou o jogo de amor, o suor do corpo dela se misturava ao meu, a lua la em cima, refletia o calor dos nossos corpos, cujo tais se misturavam, eu dentro dela, ela arranhando-me as costas misturando sangue em suas unhas, e, num gemido escandaloso ela mostra o prazer escorrendo pelo seu corpo, os copos ofegantes e cansados, a ponto de ter relacionado-se uma noite ao completo. Ela sentindo-se invadida, elouquecida, seus olhos nao conseguiam fixar-se em um ponto, eles se fechavam ao ponto de sua cabeça virar para trás e suas mãos cada vez mais fixas em minhas costas, ja marcadas pelo calor do amor. Cuja tais cravadas na pele e mesmo na carne. No fim eu sai Com orgulho. Dizendo-a que é minha, grita por todos a sua volta, grita-lhes sem odio ou revolta, mas lembra-te que és também a minha Rainha.

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