quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quadrados de vidro transparente, abertos na parede azulada.


O sol ainda nem cogita a mera hipótese de declarar-se para transformar esta noite sem vida em um dia, belo dia. Olho para o céu e não vejo a lua nessa rua obscura de verão. O Tempo está para chuva e estou aqui sentado em meio à uma calçada em céu aberto. Lá embaixo vem uma luz em minha direção, mas não é você, é o trem que irá parar na próxima estação levando os meros mortais para suas jornadas. Em meu bolso encontra-se uma esferográfica, um rascunho reciclado e aqueles já famosos centavos, o suficiente para comprar uma dose. Não, não uma dose de amor e sim uma dose de calor para esquentar estes blocos de gelo que chegam até mim em forma de palavras. De salto abraço-me à caneta pedindo licença ao papel jorrando palavras com a tinta vermelha, as quais pareciam gotas de sangue que deixara cair em forma de letras. Aqui estou a escrever olhando verticalmente para o horizonte como se esperasse uma luz vir buscar-me. Ela não vem. Lá da estação sai o trem das 5 horas, carregado de pessoas carregadas com pesadas consciências já fúnebres de pensamentos e vulneráveis em idéias. Acendo sem pensar, um cigarro, de modo a poluir mais esta noite sem fim. O Celular ao lado toca alguma música desconhecida por meus ouvidos enquanto o fumo corrói meus pulmões, alimentando o desejo e a esperança que corroa também esse coração que por ti lamenta e sofre em sua mais lucida loucura. O maço que antes continha meus vinte melhores amigos, agora toma-se fim quando estou à ficar sem nenhum, sem companhia, sem nada. Agora o pensamento está a remoer, estou à queimar meus amigos verdadeiros, fazendo-os ardem em chamas na minha boca transformados em palavras frias, sombrias, gélidas nas quais cortam quaisquer sentimentos. Toco-me para notar se isto é realmente o que estou a viver ou se é apenas um sonho que alimento com bobagens, mas não, não pode ser real. Jogo-me contra a parede da casa mais próxima acordando um mortal que descansa em sua cama quente, porém não acordo deste sonho real chamado vida. Começo a sangrar por entre os dedos onde rasguei-os na textura de uma parede suja e esbranquiçada pelos agentes de um tempo cruel. Em meus braços sinto a dor das agulhas injetando-me remédios, no peito o choque como última tentativa de reanimar, mas não adianta, esse coração só reanimará quando sentir o calor do seu corpo, seus batimentos mais sinceros. Agora estou a sentir um par de lábios, muito quente, a tocar meu rosto. Sim, o sangue parece voltar a correr por dentre às artérias aquecendo aquele corpo já sentindo os efeitos da morfina. Os olhos voltam a forçar para abrir-se. Acordo vendo uma luz e uma imagem ofuscada, torno-me a pensar se és tu que viestes me ver e acordar-me de um transe sem fim do qual nem mesmo a mais alta taxa de adrenalina me fez voltar. Sim, é você, vestida de preto com seu salto vermelho e batom à combinar com a bolsa. Ah, como é bom sentir sua presença, viro-me ao lado sentindo cair de uma cama. Coloco-me sentado ao chão vendo que estou em meu quarto, frio, a cabeça lateja a cada pulso e o fígado apresenta sinais de fraqueza. Olho para o relógio e vejo que tudo não passara de um sonho, no qual fui dormir alcoolizado.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Tão Doce quanto o sabor de duas fadas transando em sua Boca.


"Na humidade da madrugada a pouco amanhecida, acompanhado apenas pela minha garrafa de vodka barata e pelo orvalho fresco das folhas que me rodeiam, acabo por descobrir que ela, aquilo que me segue passo a passo pelas curvas do infinito breu noturno e frio está logo atrás com os olhos de sangue seco, fixos e tristonhos de sempre, percebo então o quão perdido e sem saída estou.
...‎Sua cabeça não é muito diferente dessa coisa insana e desgovernada em que estamos metidos. Acho mesmo que você viaja demais, tanto quanto eu, que costumo dar voltas ao planeta sem mover as pernas, nem gastar a sola dos sapatos.
...Lembro de quando a chuva ricocheteava por entre os prédios antigos, de cinco andares e cinco décadas, suas pinturas já amareladas pelo efeito de um tempo. Andava eu, debaixo de pingos feitos pela chuva defendendo-me com o corpo preto de um guarda chuva furado em partes, andava com um olhar perdido dentro de meus olhos profundos e já negros de olheiras com alguns prestígios de dores por entre as sobrancelhas. Estava por andar sem destino, pensando que a dona morte por si estava atrasada, mais uma vez das tantas que a mesma chegou adiantada. Vagando pelas poças de água que ali formara, ao longo de vielas formadas por paralelepípedos onde a lama escondia-se, avistei seus lábios rosados, avermelhando-se com o bailar dos passos aumentando a pressão arterial, velha pressão que de mim levara um terço de vida. Parando em frente à uma porta descascada de tinta, obteve-se por um maço de chaves levando uma em direção à porta. Fechou-a, deslizou por entre as escadas deixando-se pairar sob um toldo verde, onde o vento forte brandava suas foices gélidas fazendo-me lembrar do frio contido na solidão. O som de seus saltos, soavam como música para os ouvidos já cansados pelo transito da velha metrópole nesse corpo em que o álcool insistia em conter, fazendo-me vermelhar aquecendo-me. Passara por mim deixando seu perfume arder juntamente com o frio em qual meu nariz pusera-se, vestida de branco com um sapato vermelho, era como a dama do espelho que em meus sonhos sua imagem fiz. Sonhos que hoje tornam-se realidade contidos na base de seu nome, fazendo-me obter aquele molho de chaves, o qual abrira a porta de um coração, deixando a solidão esticar suas pernas e abrir seus olhos, sumindo deste mundo vermelho e quente que agora tornara-se. Estou aqui, a tomar meu café, ao meu lado, está a esperança de que, duas semanas ao futuro ela esteja morando em meu apartamento. "

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Quando I Solle Entrerà a Dalla Finestra Della Tua Stanza.


...O Sol ja havera escondido-se dando lugar a uma lua entorpecida pelas gigantes nuvens chuvosas que pela região pairava. O Ano acabaria aquela noite e com o mesmo, mais um dia normal até então. Em meus pensamentos seria mais um simples final de dia, de mês e de ano sem muitas surpresas. A Noite tomara conta da paisagem e às ruas monótonas deram lugar para uma agitada e exuberante avenida lotada de carros, pessoas e felicidades. Foi neste momento que avistei-a de longe, aproximando-me e contemplando seu esbelto e sincero sorriso que encantara-me um segundo após o outro me deixando fascinado na minha própria insana loucura. Naquele momento as grandes nuvens deram lugar a uma singela lua, que, se comparado ao seu sorriso, era fosca. As estrelas apontaram-se em um enorme céu que parecia as consumir de felicidade. Por um momento senti inveja do céu, tendo tantas estrelas para contemplar-lhe, porém, quando à ti olhei novamente, vi que o brilho das estrelas não comparam-se ao seu olhar envolvido por uma esbelta face finalizada com um toque especial por um sorriso esplendido. As flores da estação deixam seus perfumes pelo ar e o vento eleva ao mundo invejando o toque de sua pele, tão linda, tão bela.
...Lhe vi em um momento esbelto no qual eu tinha a plena certeza de que tudo estava sob meu controle, foi então que em frente de meus olhos percebi, que o controle do meu coração nunca pertenceu a mim. Esta noite que agora és cheia, de Lua Cheia, faz-me pensar e repensar sobre as inúmeras possibilidades nas quais pensei e arquitetei maneiras de fazer com que o tempo leve-me até o caminho do seu coração. De sua vida tento rouba-la um instante e jogá-la para dentro dos meus olhos eternamente, tocada por uma batida intensa provocada pelo meu coração que palpita loucamente pensando no delicado toque de sua inteligência encantando-me deixando minha face com um sorriso bobo. Vendo a lua novamente, penso em seus lindos olhos esverdeados como a mais pura esperança de contemplá-los novamente, imaginando voltar a passar sua mão suave pelo meu rosto como a água macia de um remanso sobre as pedras já irregulares do tempo. Se eu pudesse lhe abraçar agora, desejaria ter o poder de parar o tempo no instante deste abraço como se o depois fosse nunca e o agora tornara-se a dádiva mais importante de todas. Ao Acordar por esta manhã de sol tremi ao não saber se tudo foi apenas um sonho ou se realmente a realidade nos contemplou com minutos, horas de companhia e conversas jogadas fora. Logo mais minha memória abrira-se para o mundo recordando de que foi real, intenso como se hoje eu ainda pudesse sentir seu olhar pairando sobre os meus já emocionados e exibindo uma incontável felicidade. Hoje eu busco entender como aconteceu deixando-me assim, por um segundo quis saber se aquele beijo quebraria o feitiço que nos envolvia, porém, já era tarde demais para parar. Quando seus lábios tocaram os meus, percebi que poderia viver mil anos, visitar o mundo por todos os seus extremos que nada se compararia a aquele momento.
...De boca cerrada, meus olhos gritam mais alto que o barulho da televisão que o quarto ilumina. Lembro de fechá-los por vontade própria, a fim de que ela não me visse despido de tudo que eu crio, ficando vulnerável a cada vez que o seu olhar contemplo. Hoje já não concentro-me, as distrações fazem com que a orquestra do meu coração toque uma leve musica, sempre na mesma faixa com detalhes singelos que ganham proporções épicas. As mãos ansiosas com reações alucinógenas pela vontade de acariciar seu rosto lembrando de um pouco tempo atrás, quando estávamos ao lado um do outro, em uma distância que poderia ser medida com um box de Marlboro. Hoje eu acordei com você no pensamento, não vejo a hora de chegar o momento em que de você, irei ganhar um beijo, assim, o coração contrai-se com os pensamentos e lembranças, dilatando-se com a esperança de lhe ver novamente. Acordei com uma vontade, de ver o brilho de seus olhos, sentir o calor do seu corpo e partilhar do Animo de seu Sorriso. Acordei sentido-me o abrigo do seu coração como se fosse a caixinha onde você deveria guardá-lo indagando-me se ainda pensarás em mim ao amanhecer.