domingo, 19 de agosto de 2012

Amor boêmio.


...Foi quando, sentado em um banco no café ja tradicional em que comemorara meus tantos aniversarios, avistei-a adentrando pela porta já velha e desgastada pelos fatores do tempo. Ela portara um Yves Saint-Laurent Comprado na Wanamaker's, cujo tal deve ter levado um bom tempo de economia. Junto com ela entrou uma amostra do vento úmido que nos esperava la fora, pronto para contemplar minha capa de Gabardine que meu corpo aquecia juntamente com doses e mais doses de uma mistura altamente alcoólica. Não importa quantas doses este corpo cansado venha a contemplar, nem ao menos quantas garrafas entornadas e amontoadas em cima de uma mesa de madeira nobre cujo verniz descascara em partes devido ao álcool envelhecido e soado pelo gargalo das garrafas, as coisas não iriam mudar se ali pairasse sozinho...Era isso que eu pensava, enquanto esvaziara outro copo.
...No momento em que ela chegara perto de mim, esqueci de todas as coisas ruins lançando meu celular por sobre a mesa molhada, levantando-me a convidei para dividir um conhaque e uma solidão comigo. A qual a mesma aceitaria segundos depois. No fundo tocava aquela musica calma de um bar Inglês, e, ao mesmo tempo em que o som propagara no ambiente pouco iluminado, a voz daquela dama percorria meus ouvidos como a mais bela canção, deixando-me mudo apenas contemplando suas palavras belas e doces. O mundo la fora estava morrendo e eu ali, parado apenas observando a rota dos seus lábios enquanto dividíamos dores sentimentais como se a tempo nos conhecêssemos. Aquela superfície infinita que anteriormente batia em mim com a força de cem punhos socando-me contra a parede já não parecia tao forte assim, sendo afastada com o doce amargo do seu perfume deixando de lado aquele cheiro de álcool que evaporava de nossos copos.
...La fora o Barulho infernal da quinta avenida era esquecido por nossos corpos que ali dentro esquentávamos com a quase acabada garrafa de conhaque, eu ainda estava parado contemplando seu olhar mágico e pensando, tentando ler seus olhos e adivinhar o que ela pensara de mim, quais seriam suas impressões sobre este estranho que a abordou em um bar para dividir um momento de solidão. Mal sabia eu que seus pensamentos eram mesmo parecidos com os meus, o que descobriria alguns minutos depois. Os últimos raios de sol infiltravam-se pelas persianas amareladas da fumaça produzida por alguns fumantes que a nós rodeara. Sai daquele momento de transe em que apenas contemplara seu olhar e relatei.
 - Uma noite, pouco tempo atrás sonhei que estava morando em Madrid e te encontrei por acaso naquele inverno gostoso, caminhando pelas vielas e ramblas no meio de cafés e souvenires lotados por estátuas humanas excêntricas.
 - Como poderia sonhar comigo, se nem ao menos conhecia-me - indagou.
 - Eu sempre conheci a mulher dos meus sonhos, só não sabia seu nome e nem imaginara que ela possuía uma face tao linda e um jeito encantador de portar-se....
A garrafa velha de conhaque acabara quando tomei a ultima dose para poder à ela pedir seu numero de telefone. Peguei meu gasto aparelho de uma operadora apenas, a qual vagamente funcionara e anotei aquele precioso número. Quando deparei-me com o relógio que em meu pulso pesara, era tarde e o sono começara a bater em meus olhos claros, já avermelhados pela fumaça e pela bebida. Não importava-me com o sono, nesse momento a unica coisa que eu poderia fazer era pegar um cigarro e aproveitar o bom papo do momento, mas lembrei-me que não fumo e pedi outras duas doses duplas, ela agradeceu.
...Tomei as duas doses duplas criando assim coragem para calar a sua boca com um beijo surpreendentemente quente e demorado, arrancando-a o ar e deixando o tempo passar e passar. Lá fora, os carros passavam silenciosamente, eram 2:45 da madrugada, os minutos voaram. Ela adentrou em seu carro branco, com a pintura já úmida pela garoa que ali caia com um leve vento de fim de inverno, beijei-a novamente, deixando-a ir para seu incógnito endereço. Pelo menos eu tinha o numero do seu telefone.Pela garoa a fora, enrolei-me na Gabardine cor de couro deixando a garoa contemplar o clima, meu coração estava quente e aquecia-me por completo, o cérebro fazia questão de lembrar daqueles momentos que transformara um dia normal em um fim de semana inesquecível, onde conheci uma pessoa maravilhosamente linda e simpática. Na próxima esquina um cachorro acoava, como se conversasse com os humanos hostis que na rua andavam enquanto eu continuara a pensar em seus lábios, adentrei ao meu apartamento e adormeci sem saber o propósito de ela ter entrado naquele bar, bom, não importa.

domingo, 12 de agosto de 2012

Ao meu Pai!

...E este que aqui vos fala, disserta a um que tanto amo e venero. Com todas as suas virtudes e também seus limites, aquele homem com olhar de menino, esta sempre pronto e atento mostrando-me o caminho da vida que ainda tenho pela frente. Ele antes de mais nada é um mestre contador de histórias trazendo dentro de seu coração tantas e tantas memórias deixando meu caminhar mais atento com muitas esperanças, certezas e confianças. Aquele homem alegre, brincalhão, forte e ao mesmo tempo preocupado com o perigo que a mim rodeia, pensativo e silencioso é um homem de fé e grande luta, sensivel e generoso.
...Aquele abraço aconchegante que envolve-me nos momentos bons e principalmente ruins, é a ti pai em quem penso todos os minutos e sei que em seus braços estou protegido de todo esse mundo aflitivo e estafermo, povoado por uma podre sociedade. És tu que é conselheiro meu, contigo eu aprendo a viver, contigo meu velho, grande amigão de um coração infinito. Obrigado pai por todos os dias orientar meu caminho que hoje é feito de lutas e incertezas e que você transforma em esperanças e sonhos.
...És tu o meu herói, nem de capa precisa, Parabéns meu velho por mais este dia especial.