terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Tão Doce quanto o sabor de duas fadas transando em sua Boca.


"Na humidade da madrugada a pouco amanhecida, acompanhado apenas pela minha garrafa de vodka barata e pelo orvalho fresco das folhas que me rodeiam, acabo por descobrir que ela, aquilo que me segue passo a passo pelas curvas do infinito breu noturno e frio está logo atrás com os olhos de sangue seco, fixos e tristonhos de sempre, percebo então o quão perdido e sem saída estou.
...‎Sua cabeça não é muito diferente dessa coisa insana e desgovernada em que estamos metidos. Acho mesmo que você viaja demais, tanto quanto eu, que costumo dar voltas ao planeta sem mover as pernas, nem gastar a sola dos sapatos.
...Lembro de quando a chuva ricocheteava por entre os prédios antigos, de cinco andares e cinco décadas, suas pinturas já amareladas pelo efeito de um tempo. Andava eu, debaixo de pingos feitos pela chuva defendendo-me com o corpo preto de um guarda chuva furado em partes, andava com um olhar perdido dentro de meus olhos profundos e já negros de olheiras com alguns prestígios de dores por entre as sobrancelhas. Estava por andar sem destino, pensando que a dona morte por si estava atrasada, mais uma vez das tantas que a mesma chegou adiantada. Vagando pelas poças de água que ali formara, ao longo de vielas formadas por paralelepípedos onde a lama escondia-se, avistei seus lábios rosados, avermelhando-se com o bailar dos passos aumentando a pressão arterial, velha pressão que de mim levara um terço de vida. Parando em frente à uma porta descascada de tinta, obteve-se por um maço de chaves levando uma em direção à porta. Fechou-a, deslizou por entre as escadas deixando-se pairar sob um toldo verde, onde o vento forte brandava suas foices gélidas fazendo-me lembrar do frio contido na solidão. O som de seus saltos, soavam como música para os ouvidos já cansados pelo transito da velha metrópole nesse corpo em que o álcool insistia em conter, fazendo-me vermelhar aquecendo-me. Passara por mim deixando seu perfume arder juntamente com o frio em qual meu nariz pusera-se, vestida de branco com um sapato vermelho, era como a dama do espelho que em meus sonhos sua imagem fiz. Sonhos que hoje tornam-se realidade contidos na base de seu nome, fazendo-me obter aquele molho de chaves, o qual abrira a porta de um coração, deixando a solidão esticar suas pernas e abrir seus olhos, sumindo deste mundo vermelho e quente que agora tornara-se. Estou aqui, a tomar meu café, ao meu lado, está a esperança de que, duas semanas ao futuro ela esteja morando em meu apartamento. "

Nenhum comentário:

Postar um comentário