terça-feira, 8 de novembro de 2011

Manhã, tarde e Noite - Parte 2

Katherine possuía vinte e tantos anos bem vividos e dedicados à sua inteligência tais quais davam-lhe um QI de 170 e a natureza cuidara do resto. Possuía um corpo esguio e provocante. Todas as vezes que pela rua andara, os homens passavam-lhe cantadas ou até pediam-a em casamento, porém poucos se davam ao trabalho de tentar conhece-la de fato. Katherine era executiva de relações públicas e propaganda em uma conceituada empresa nacional, e, em suas horas vagas, exercia a profissão de direito e ajudara quem não tinha condições de pagar os altos ordenados dos advogados que ali existiam. Advogada muito bem conceituada, devido a sua inteligencia, colocava medo em muitos já antigos operadores da lei e era em si, muito respeitada pelos magistrados dos mais variados tribunais em que procedera na sua carreira.
A empresa onde Katherine trabalhara fixamente, era de propriedade de dois senhores graduados em propaganda, Leslie Stewart era um homem gordo de fala suave na altura de seus quarenta e quatro anos, e, Jim Tomkins era um sujeito anoréxico e hiperativo, doze anos mais jovem que Stewart. Ambos aplicara tentativas de levar Parker para a cama, porém ela os dissuadira sem muita dificuldade.
- Insista mais uma vez e irei embora.
Após isso, não houvera mais tentativas pois Katherine era uma funcionária mestre na empresa, e toda a sua inteligência não podia ser perdida pelos empresários, a mesma era muito disputada nas agencias do ramo e seu salário tomava um rumo sempre acima.
A primeira parte da infância de Katherine Parker foi única. Ela era uma criança de inteligência extraordinária. Seu pai era professor de Portugues no Community College de Charming e a mãe, trabalhara no lar. Seu pai era um homem alto, bonito, aristocrático e intelectual. Um pai dedicado, que cuidava para que a família sempre jantasse juntos. Adorava Katherine.
- Você é a queridinha do papai - dizia ele.
Sempre comentava que ela linda igual sua mãe, nunca deixara de elogiá-la por suas notas, seu comportamento, suas amigas. Katherine não fazia nada de errado aos olhos dele.
Em seu décimo aniversário, o pai comprou um vestido de renda cinza, com punhos de veludo. Pediu-lhe que pusesse o vestido e a exibiu para os amigos quando apareceram para o jantar.
- Ela não é linda?
Katherine o adorava.
Certa tarde, dois anos depois, numa fração de segundo, a vida maravilhosa de Katherine se desvaneceu. A mãe, com o rosto manchado de lágrimas, chamou-a e sentou-a à sua frente.
- Querida, seu pai... nos deixou. Katherine não compreendeu a princípio.
- Quando ele voltará?
- Ele não vai mais voltar.
E cada palavra foi como uma faca afiada a penetrá-la. Minha mãe o afugentou, pensou Parker. Ela sentiu pena da mãe, porque agora haveria um divórcio e uma briga pela custódia da filha. O pai nunca renunciaria a ela. Nunca mesmo. Ele virá me buscar garantiu Katherine a si mesma.
Mas semanas se passaram e o pai não a procurou. Não querem deixar que ele venha me visitar concluiu ela. Mamãe o está punindo.
Foi a tia idosa de Leslie quem explicou à criança que não haveria uma batalha pela custódia. O pai se apaixonara por uma viúva que era professora na universidade e fora viver com ela, em sua casa na décima quinta Avenida.
No decorrer do ano seguinte, Katherine observou a mãe se recolher mais e mais para dentro de si mesma. Ela perdera todo e qualquer interesse pela vida. Parker sempre achara que "morrer de coração partido" era apenas uma frase vazia, porém acabou observando, impotente, a mãe definhar e morrer. Quando as pessoas lhe perguntavam de que a mãe morrera ela respondia:
- Ela morreu de coração partido.

Continua

Nenhum comentário:

Postar um comentário